Rotina escolar
Orientações para a organização das atividades diárias
A
rotina escolar é uma seqüência de atividades que visam a organização do
tempo que a criança permanece na escola. Apóia-se na reprodução diária
de momentos e nos indícios e sinais que remetem às situações do
cotidiano.
Numa canção na entrada à bandeja do lanche, os alunos
prevêem as atividades que se seguirão: “Depois do lanche tem brinquedo
no parque”, “Depois da roda a gente desenha, pinta, faz trabalho com
massinha”.
A espinha dorsal da rotina são alguns marcos temporais que
quase nunca se alteram: a chegada, a roda, o lanche, o pátio, a saída, e
é importante manter constantes os parâmetros principais da rotina, para
que as crianças se sintam seguras e não se desorganizem.
Entretanto,
outros momentos se interpõe, levando em conta o ritmo do grupo, que é
dinâmico. Assim, constantemente surgem novas experiências e alterações,
mas o professor se manterá em seu papel de “porto seguro”.
Uma rotina
compreensível e claramente definida é, também, um fator de segurança.
Serve para orientar as ações das crianças e dos professores e favorece a
previsão de situações que possam vir a acontecer. As atividades de
rotina são aquelas que devem ser realizadas diariamente, oportunizando
as crianças o desenvolvimento e a manutenção de hábitos indispensáveis à
preservação da saúde física e mental como, por exemplo, a organização, a
higiene, o repouso, a alimentação correta, o tempo e os espaços
adequados, as atitudes, as atividades do dia, etc.
Por
caracterizar-se como facilitadora da aprendizagem, a rotina, então não
deve transformar-se numa planilha diária de atividades, rígida e
inflexível, exigindo a adaptação da criança a ela. A flexibilidade,
portanto, é fundamental e a criança precisa aprender a lidar com o
inesperado.
A organização do tempo precisa ensejar alternativas
diversas e, freqüentemente, simultâneas de atividades mais ou menos
movimentadas, individuais ou grupais, que exijam maior ou menor grau de
concentração da atenção; determinar a hora do repouso, da alimentação,
da higiene, a hora do brinquedo, da recreação, do jogo e do trabalho
sério.
Não podemos esquecer que as atividades organizadas contribuem,
direta ou indiretamente, para a construção da autonomia: competências
que perpassam todas as vivências das crianças.
Os alunos vão chegando
e logo ficam curiosos para definir e conhecer o que ocorrerá no dia,
por isso a importância da rotina e da sala de aula possuir um quadro de
rotinas. Com um quadro de rotinas é fácil determinar as ordens das
tarefas junto com os alunos, principalmente na Educação Infantil e nas
séries iniciais do Ensino fundamental. Então é fundamental que cada o
professor confeccione o seu, pois sempre começa o dia mostrando para a
turma as atividades que fazem parte daquele dia. Isso ajuda a controlar a
ansiedade da garotada. O ideal é que ele fique em lugar bem visível.
Tempo e chamada
Na
Educação Infantil o primeiro passo da rotina é a caracterização do dia
em termos de calendário (Que dia é hoje? Em que mês estamos? Que dia foi
ontem? E que dia será amanhã? Se tiver alguma data especial o professor
deve conversar sobre ela com seus alunos: data cívica ou aniversário de
algum aluno - mesmo que tenha ocorrido num feriado ou fim de semana),
tempo (a estação do ano é relembrada e verifica-se se algumas
características estão presentes no dia. As condições climáticas são,
então, registradas através de cartaz do tempo).
Finalizada essa
etapa, é iniciada a chamada interativa: o professor sugere ao grupo que
observe e verifique quem está presente e quem faltou. Após nomearem os
faltantes, então começa a chamada propriamente dita, que pode ser
realizada de diversas formas: preenchendo o quadro “Quantos somos?”, ou
num quadro que possua as fichas de todos os alunos (retira-se as fichas
dos que estão faltando e em seguida conta-se quantos alunos estão
presentes, podendo ser até um momento para trabalhar com os nomes dos
alunos), bonequinhos com o nome dos alunos para colocar num quadro
específico (pode-se fazer como o exemplo anterior),entre outros modelos.
Qualquer que seja o modelo escolhido deve-se fazer a contagem dos
presentes, separar em grupos (meninos e meninas) e sua totalização
novamente. Toda essa atividade de chamada interativa vai permitir a
descoberta e consolidação de valores, além de ser muito agradável para a
criança pelo seu caráter lúdico e participativo, valorizando a presença
de cada um e permitindo, embora dentro da rotina, muitas variações.
No
Ensino Fundamental essa etapa pode ser simplificada falando sobre a
data do dia (Dia, mês e que ano estamos? Tem alguma data especial que se
comemora hoje? Pode ser data cívica ou aniversário de algum aluno). A
chamada também é primordial, mas pode ser feita de maneira mais simples.
Ajudante do dia
A
escolha do ajudante do dia pode ser efetuada com várias dinâmicas: um
casal por dia ou apenas um ajudantes, alternadamente menino/menina,
escolhido através de sorteio, ordem alfabética. No caso do Ensino
Fundamental pode ser o representando e vice em dias alternado mais um
aluno.
A esses ajudantes, nesse dia, caberá colaborar em todas em
todas as tarefas, tais como: distribuir materiais, bilhetes, organizar a
sala, etc.
Atividades do dia
As
atividades apresentadas para o dia devem constar no quadro de rotina:
atividade individual, em grupo, vídeo, informática, explicação e
correção do dever de casa, jogos, etc.
O tempo gasto em cada
atividade é um elemento importante, por isso teve ser pensado desde o
planejamento, para não colocar excesso de atividades.
A importância da roda
A
roda é um dos momentos de grande interação. Implica a expectativa de
algum fato relevante, pois algo de importante vai acontecer quando todos
sentam numa roda. Para o professor, é uma oportunidade de observar os
alunos e as relações entre eles: duplas ou trios que se sentam perto,
conversam, trocam objetos, riem.
Nos primeiros dias de aula, a
proximidade da roda permite que os alunos se conheçam melhor, observando
semelhanças e diferenças por meio de um jogo de identificação iniciado
pelo professor: “Tem criança com camisa azul”, “Tem criança com bota”.
Mesmo não sabendo ainda o nome dos colegas, as crianças se voltam para
os indicadores, acompanhando a nomeação de cada um: “Davi vai mostrar
sua mochila nova”, “Quem está de blusa verde vai pegar a caixa de
botões”. Todo o grupo se envolve na adivinhação e às vezes descobre quem
é o aluno.
A “roda de novidade” deve fazer parte da rotina desde os
primeiros dias de aula. No início, o professor traz os objetos para
serem explorados, e os alunos são praticamente espectadores. Mas a roda
evolui quando as crianças começam a trazer as novidades de casa – uma
fruta, um brinquedo, uma revista, toquinhos de madeira, algumas fotos e
até uma caixa cheia de tampinhas de refrigerante. O que for
significativo para a criança pode ir para a roda, desde que o dono
queira. Uma das possibilidades é criar a “caixa de novidades”. Na
chegada, o aluno guarda o objeto, que depois de exibido na roda volta
para a caixa ou vaio para a mochila, conforme a criança desejar.
A
novidade pode desencadear várias atividades, como jogos, brincadeiras e
histórias, e faz a ponte entre a casa e a escola, permitindo
identificações, além de incentivar o início das relações de interação e
troca entre os alunos. A roda pode ser o primeiro momento de
centralização das atividades do dia. Nela se tem um espaço privilegiado
no qual se pode desencadear a exploração de temas e o amadurecimento das
idéias. Mas para isso é de grande importância a participação dos alunos
por meio de comentários e discussões.
Na Educação Infantil a roda
faz parte da rotina diária, podendo ocorrer mais de uma vez ao dia se
necessário. Já no Ensino Fundamental pode ser inclusa como forma de
trabalho, para uma explicação de conteúdo, experiência onde os alunos
possam ficar mais próximos, durante um jogo, entre outras situações que o
professor julgue necessária, pode ou não fazer parte da rotina diária.
Um de cada vez
No
início do ano, é comum o professor estimular a participação das
crianças tentando fazer com que falem, façam comentários, manipulem
brinquedos. Mas chega um momento em que começa uma avalanche: as
crianças não escutam, só falam, e quase todas ao mesmo tempo. Os
interesses se voltam para um determinado objeto,às vezes disputado no
“vale-tudo”.
Situações como essa podem representar um desafio para o
professor, na medida em que ele se vê obrigado a repensar atividades
para torná-las mais adequadas aos movimentos do grupo.
É hora de
coordenar ações coletivas. Essa organização, na verdade, deve ser feita
logo no início do ano, e constituirá a estrutura de apoio das relações e
da convivência.
Um dos instrumentos dessa estrutura são os
“combinados”, os acordos do tipo “cada um tem sua vez de falar”,
“brinquedo não vai para o pátio”, “não é para rabiscar nem rasgar os
livros”.
Temas como esses também podem ser discutidos numa “roda de
conversa”. Se, por exemplo, os alunos estão deixando as peças dos jogos
de encaixe espalhadas, sem se preocupar em guardá-las nos lugares
certos, pode-se conversar sobre a necessidade de organização para que
não se perca nenhuma peça.
É fundamental que os combinados sejam
expostos o ano inteiro na sala de aula, seja através de cartaz ou de
plaquinhas, para sempre que necessário o professor relembre a turma ou o
aluno sobre o que foi combinado anteriormente. E quando precisar pode
acrescentar novos combinados à lista que já está exposta, ou criar novas
plaquinhas.
Criando autonomia
Aos
poucos, depois de muita repetição, as crianças vão se acostumando e
acabam reproduzindo os “combinados”, sem a necessidade da intervenção
constante do professor. Eles podem, então, ser ampliados: agora as
crianças incorporam a necessidade de guardar direito os jogos e
brinquedos, sabem esperar sua vez de falar, já podem conhecer a aplicar
algumas regras de convivência: “Não vale empurrar o colega, molhar o
colega, jogar areia na cabeça do colega”.
Com o tempo, os próprios
alunos se empenham em criar novas regras, de acordo com a necessidade
surgida na prática. Em todos os sentidos, agem de modo cada vez mais
independente, e cabe ao professor facilitar a construção dessa
autonomia.
Organização escolar
A
organização do espaço escolar deve criar condições para que as
atividades se desenvolvam de maneira flexível e cooperativa. A renovação
deve ser constante, introduzindo materiais novos ou arrumando os
antigos.
As crianças brincam em duplas, trios ou grupos maiores.
Gostam de construir com sucatas e blocos, fazendo prédios, trens,
estradas, e esses aspectos devem ser considerados na configuração e na
estrutura do espaço físico e do material usado nas atividades do
cotidiano escolar.
A escola deve oferecer um ambiente seguro e
favorecer a ampla circulação dos alunos, permitindo que subam e desçam,
levem e tragam, inventem caminhos. É possível também criar espaços como
uma casa de boneca, um camarim, onde os personagens se pintam e se
fantasiam, põem máscaras e acessórios, o palco com fantoches e um local
para a bandinha, de modo que os alunos possam explorar sons e ritmos.
Era uma vez...
Contar
uma história é uma experiência de grande significado para quem conta e
para quem ouve. Muitas crianças são capazes de antecipar as seqüências
emocionantes e reagem escondendo-se atrás do amigo, apertando as mãos,
arregalando os olhos. Depois, o suspiro de alívio e do riso quando o
herói venceu os obstáculos.
Na história, a criança se projeta
momentaneamente nos personagens e penetra no mundo da fantasia,
vivenciando um contato mais estreito com seus sentimentos e elaborando
seus conflitos e emoções. A história funciona como uma ponte entre o
real e o imaginário. Por meio da história, a criança observa diferentes
pontos de vista, vários discursos e registros da língua. Amplia sua
percepção de tempo e espaço e seu vocabulário.
Para que esse seja um
momento prazeroso, é fundamental que se escolha uma história com a qual a
criança possa se identificar. Além disso, convém criar um clima de
aconchego, construindo uma interação positiva.
O professor vai se
transformando num contador de histórias quando se liberta do texto
escrito e observando as reações das crianças, ouvindo seus comentários,
fazendo dessa hora um momento de emoção. Assim poderá reajustar a
narrativa, introduzindo, acrescentando ou até suprindo detalhes para
torná-las mais significativa para o grupo.
É melhor ler ou contar?
Há
vários modos de apresentar as histórias para as crianças. A maioria
delas alcança sua melhor forma de expressão se forem contadas; outras se
forem lidas, pois assim ganham mais brilho, e até exigem que sejam
mostradas as ilustrações.
Quando se conta uma história, em vez de ler
o livro para os alunos, está-se permitindo que os significados
simbólicas e interpessoais da narrativa sejam atingidos plenamente.
Pode-se
contar a história sem mostrar a ilustração logo de início, pois às
vezes a intermediação do texto obriga o contador a dividir sua atenção
entre a narrativa e os ouvintes. Além disso, é possível criar um clima
que permita à criança liberar sua imaginação e viver sua fantasia.
Entretanto, além de contar, é importante que o professor também leia
histórias.
É sempre bom fazer um estudo prévio do texto antes de
contar ou ler a história. Se conhecer o enredo, o ambiente, os
personagens e as falas, o professor poderá fazer uma narração e uma
interpretação mais precisas e convincentes.
Sugestão de rotina:Ø Educação infantil:· Acolhida: saudação, oração, guarda de material, músicas, etc.
· Quadro de rotina
· Rodinha (conversa sobre como eles estão, hora da novidade, etc.)
· Calendário (dia, mês, ano, aniversariantes, etc.) e tempo;
· Chamada interativa ou “Quantos somos?”
· Escolha do ajudante do dia;
·
Retomar o dever de casa do dia anterior (cada um deverá mostrar o que
fez, o que mais gostaram de fazer, etc. Caso algum aluno tenha feito de
forma incorreta, retomar com ele num momento oportuno para que ele
corrija ou refaça caso seja necessário)
· Atividade de sala (individual, grupo, desenho, informática, vídeo, jogos, brincadeiras, pintura, modelagem, etc.)
· Parquinho
· Lanche
· Escovação
· Atividades de sala
· Dever de casa (passando dever de casa)
· História
· Relaxamento com música